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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

CANÇÕES QUE FICAM PRA SEMPRE

     " V O C Ê   P O D E   M E   P E R D E R "

                      P a u l o    S é r g i o


                       


                A querida amiga Nerusa Requião (foto), lá de Santo Amaro, Estado da Bahia, certamente vai surpreender muita gente, ao revelar sua predileção por uma música escrita há quase 40 anos, e que eu acredito não tenha sido um dos maiores sucessos do seu criador.
 
                 Mas foi uma escolha pessoal.  Nerusa tem razão. "VOCÊ PODE ME PERDER" é uma canção realmente muito bonita, escrita pelo compositor e cantor PAULO SÉRGIO, que teve uma passagem meteórica pelo nosso mundo artístico, mas que deixou marcas indeléveis, até hoje curtidas por pessoas de bom gosto musical.

 
 
A canção "Você Pode Me Perder" foi lançada em 1977, no 11º volume gravado por Paulo Sérgio. As doze músicas do disco são:
 
 
Eu Te Amo, Eu Te Venero / Você Pode Me Perder / Como Me Arrependo / Que Felicidade / O Quê Foi Que Eu Disse / Bodas De Prata / O Tempo Dirá / Perdi Quem Mais Amei / Eu Deixo De Gostar Até De Mim / Meu Desejo / Eu Não Ligo / Minha Decisão.
 
                        Uma música simples, bem ao estilo da época, escorando uma letra mais simples ainda, mas que relata uma situação real e comum na vida dos casais. Confira:
 
As suas brigas não vão resolver
Nem vão mudar meu modo de pensar
Só um coisa pode acontecer:
Continuando assim você vai me perder
É tão difícil eu chegar em casa
E ter um sorriso pra me receber
Isso me deixa tão contrariado
Mesmo assim, me calo
Eu gosto de você
Mas acontece que eu estou cansado
De ter na vida tanta confusão
Esse ciúme vai matando aos poucos
O amor que existe em meu coração
Se estou na rua e penso em ir pra casa
Mas eu perco a graça e a opinião
Por muitas vezes já me fez sentir
Que um amor assim já não tem condição
Mude esse seu jeito de falar,
Esse seu modo de tratar
A quem lhe ama e lhe quer bem
Pense, pra você não se arrepender
Continuando desse jeito
Você pode me perder
 
 
Por se tratar de um artista que já nos deixou há 36 anos,  sendo portanto pouco conhecido pelas  gerações mais atuais, optei  por uma biografia resumida em detalhes,  porém praticamente completa. Para que todos possam conhecer quem foi PAULO SÉRGIO.
 
 
                 O capixaba Paulo Sérgio de Macedo, mais conhecido como Paulo Sérgio, nasceu em Alegre (ES) no dia 10 de março de 1944 e tornou-se  um conhecido cantor e compositor brasileiro.
Teve uma morte prematura, aos 36 anos, em decorrência de um derrame cerebral, mas até hoje é considerado por alguns críticos como o maior nome da música romântica nacional.
 
                  O cantor e compositor capixaba iniciou sua carreira em 1968, no Rio de Janeiro, lançando um compacto com o sucesso Última Canção. O disco obteve sucesso imediato e vendeu 60 mil cópias em apenas três semanas, transformando seu intérprete num fenômeno de vendas. A despeito da curta carreira, Paulo Sérgio lançou treze discos e algumas coletâneas, obtendo uma vendagem superior a 10 milhões de cópias.
 
                 Primeiro filho do alfaiate Carlos Beath de Macedo e de Hilda Paula de Macedo, Paulo Sérgio, se não tivesse manifestado desde cedo o intento de tornar-se músico profissional, talvez tivesse se realizado como alfaiate, haja vista que aos dez anos já frequentava a alfaiataria do pai, aprendendo os primeiros segredos da agulha e da tesoura. Porém, a veia artística já se desenhava cedo.
Aos seis anos de idade, quando em sua cidade natal  apareceram as caravanas de artistas de emissoras de rádio do Rio de Janeiro, Paulo Sérgio participou, ao fim de um espetáculo, de um mini-concurso de calouros. Foi escolhido o melhor dentre vários concorrentes, passando a ser requisitado como atração especial em todas as festinhas da pequena Alegre.
  
 
               Ao chegar no Rio de Janeiro, para onde a família se mudara em meados dos anos 50, a trajetória do menino Paulo ganhou uma nova conotação. Estudou no Colégio Pedro II e morava em Brás de Pina, na zona norte carioca, quando terminou o ginásio. Aos 15 anos, foi trabalhar em uma loja no bairro de Bonsucesso. Coincidência ou não, era uma loja de discos e eletrodomésticos, chamada “Casas Rei da Voz”. Como tocava bem violão, logo os amigos o incentivaram e Paulo Sérgio começou a mostrar suas composições.
 
                   Os anos 60 sacudiam a juventude e Paulo Sérgio fez seu batismo no programa Hoje é Dia de Rock, comandado por Jair de Taumaturgo, o mais badalado entre os jovens do Rio. Posteriormente, passaria ainda por muitos outros programas de calouros, como o Clube do Rock, do compositor Rossini Pinto, onde muitos outros ídolos que iriam formar o pessoal da Jovem Guarda se apresentaram. Em 1966, no filme Na Onda do Iê-iê-iê, Paulo Sérgio aparece como calouro do apresentador Chacrinha, cantando a canção Sentimental Demais, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia.
 
                      Em 1967, uma nova e grande oportunidade de Paulo Sérgio surgiu, quando um amigo seu foi convidado para realizar testes na gravadora Caravelle, do empresário Renato Gaetani. Paulo, então, prontificou-se a acompanhar o amigo ao violão, mas seu amigo não teve sorte. Porém, durante o teste, Alvaro Menezes, integrante do conjunto Os Selvagens e que era responsável por descobrir novos talentos da Jovem Guarda para a gravadora Caravelle, constatou que Paulo Sérgio também cantava e manifestou interesse em ouvir algumas de suas composições.
 
 
                   Alvaro assegurou a Renato Gaetani, seu tio, que Paulo Sérgio seria sucesso absoluto e assim, um contrato foi prontamente assinado. Mas o sucesso veio mesmo antes de gravar. Alvaro o levou várias vezes ao programa Haroldo de Andrade na TV Excelsior e o auditório vinha a baixo ao ouvi-lo cantar "Benzinho" que ainda nem havia sido gravada.
 
Paulo Sérgio tornou-se muito amigo de Alvaro a quem pedia conselhos sobre os mais diversos assuntos, até mesmo sobre a compra de seus dois primeiros carrões, um Mustang e um Cadillac presidencial. Na época, o motorista de Paulo Sérgio era Tony Damito, o qual tempos depois, também gravou um disco com a ajuda de Paulo Sérgio e Alvaro.
 
Após alguns dias, Paulo Sérgio gravou um compacto simples, que continha as músicas Benzinho e Lagartinha. Entretanto, a sua afirmação definitiva deu-se com o lançamento, em 1968, do primeiro disco, denominado Paulo Sérgio - Volume 01, que, alavancado pelo grande sucesso Última Canção, vendeu mais de 300.000 cópias. Paralelo ao sucesso meteórico de Paulo Sérgio, surgiu a acusação de que ele era um imitador do cantor Roberto Carlos, então ídolo inconteste da juventude, dada a semelhança do seu timbre vocal. Como contrapartida, naquele mesmo ano Roberto Carlos lançaria o álbum O Inimitável.
 
Do sucesso inicial advieram propostas para que Paulo Sérgio ingressasse numa grande gravadora. Em 1972, este assinaria um vultoso contrato com a Copacabana, o qual, em razão das cifras envolvidas, foi considerado o maior acontecimento artístico daquele ano. Pelo selo Beverly, Paulo Sérgio lançaria ao todo oito álbuns.
 
 
No dia 4 de março de 1972, Paulo Sérgio contraiu matrimônio com Raquel Teles Eugênio de Macedo, a qual conhecera casual e sugestivamente num pequeno acidente de trânsito. O casamento aconteceu secretamente, numa cerimônia simples, em Castilho, pequena cidade do interior de São Paulo. Em 23 de maio de 1974, nascia Rodrigo, que mais tarde usaria artisticamente o codinome de Paulo Sérgio Jr. (foto acima).  Além de Rodrigo, Paulo Sérgio tivera ainda duas filhas, Paula Mara e Jaqueline Lira, fruto de relacionamentos anteriores.
 


                        Mas no dia 27 de julho de 1980, um domingo, Paulo Sérgio fez sua última apresentação na TV. Esta ocorreu no programa do apresentador Bolinha, da Rede Bandeirantes de Televisão, onde cantou duas músicas do seu último trabalho fonográfico: “O Que Mais Você Quer de Mim” e “Coroação”. Logo após apresentar-se no “Clube do Bolinha”, nos arredores do teatro onde aquele programa era veiculado, na Avenida Brigadeiro Luiz Antônio (São Paulo-SP), Paulo Sérgio envolveu-se num incidente que talvez tenha provocado sua morte.
 
                      Ele saiu do auditório para pegar seu carro, estacionado próximo à Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Várias fãs o cercaram. Queriam beijos, autógrafos, carinhos, fotografias. Uma delas, agressivamente, começou a comentar fatos relacionados à vida íntima do cantor e sua mulher Raquel.
 
                       Para evitar encrencas, os amigos trataram de afastá-la de Paulo, enquanto a moça garantia que ainda tinha muito a dizer. Já nervoso, Paulo Sérgio deu a partida em seu carro, mas, quando manobrou o veículo, foi atingido por uma pedrada no para-brisa. Fora de si, ele desceu do automóvel e partiu em perseguição à moça. Esta se refugiou no interior de um edifício, para onde o zelador não permitiu que Paulo a seguisse. Furioso, Paulo avaliou os danos causados a seu veículo e aguardou vários minutos, na calçada, que a garota voltasse à rua.
 
 
              Seus acompanhantes procuraram acalmá-lo. Ele ainda teria de cumprir três apresentações, antes que o domingo terminasse. Finalmente, o convenceram a esquecer o incidente e sair dali. Rumaram para uma pizzaria em Moema. Paulo tentou fazer um lanche, mas não conseguiu comer direito. Tinha muita dor de cabeça e nenhum apetite.
 
              A primeira apresentação foi no Grajaú. Quando terminou de cantar, Paulo chamou seu secretário, pedindo a ele que encontrasse uma farmácia e providenciasse comprimidos para sua dor de cabeça, que estava cada vez mais violenta. Ingeriu dois de uma só vez e partiu para Itapecerica da Serra. Mas lá só conseguiu cantar quatro músicas. A sua cabeça latejava dolorosa e implacavelmente e a sua visão estava começando a ficar turva. Ele cambaleou até o camarim. Logo depois, os amigos o encontraram alternando-se entre gemidos e gritos de dor e tendo tremores por todo o corpo. Foi levado até o carro e transportado para o Hospital Piratininga. De lá, o enviaram para o Hospital São Paulo. Quando chegou a este último, já estava em coma. O diagnóstico foi rápido e assustador: Paulo Sérgio tivera um derrame cerebral.
 
             Após as primeiras providências clínicas, Paulo Sérgio foi internado na UTI. Teve início assim uma desesperada batalha pela sua sobrevivência. Amigos e parentes foram alertados. Apesar de preocupados, todos, tanto familiares como fãs e equipe médica, estavam confiantes até aquele momento. Afinal, ele era um homem forte, sadio… e com apenas 36 anos. Com esse perfil, todos acreditavam que não havia motivo para que se duvidasse de sua recuperação.
 
             No entanto, mesmo com a equipe médica fazendo tudo que foi possível, seus esforços de nada adiantaram. Na manhã de segunda-feira, 28 de julho, os corredores do hospital já estavam repletos de pessoas que queriam ver e saber alguma notícia sobre o estado de Paulo Sérgio. O otimismo já cedia lugar a um certo desespero. Afora os familiares, ninguém mais naquele momento tinha autorização para entrar na UTI, onde ele se encontrava.



             As reações de Paulo Sérgio continuavam desfavoráveis. O Dr. Pimenta, chefe da equipe que incansavelmente tentava reabilitar o cantor, após exames minuciosos, revelou aos familiares de Paulo que suas possibilidades de sobrevivência já eram mínimas, quase nulas. Mesmo assim, a luta prosseguia. No hospital, a vigília permanecia continua. Mais uma noite e o estado de saúde de Paulo Sérgio, ao invés de melhorar, se agravou. Às 14 horas e trinta minutos de terça-feira, 29 de julho, foi declarado que já não havia mais nenhuma possibilidade de reversão do seu quadro clínico, de modo que e sua morte clínica definitiva passara a ser apenas uma questão de tempo. Paulo Sérgio já estava praticamente sem vida e apenas os aparelhos mantinham sua respiração e seus batimentos cardíacos. Às vinte horas e trinta minutos, foi anunciado o fim de sua longa e dolorosa agonia. Apesar de todo o esforço feito para salvá-lo, Paulo Sérgio estava morto.
 
               Durante a madrugada e a manhã seguinte o corpo do cantor ficou exposto para visitação no velório do Cemitério de Vila Mariana, em São Paulo. Atendendo ao pedido dos pais de Paulo Sérgio, o seu corpo foi sepultado no Rio de Janeiro. Na capital carioca, o velório ocorreu no Cemitério do Caju. Entre os cantores que prestaram suas últimas homenagens, podemos citar Antônio Marcos, Jerry Adriani, Agnaldo Timóteo e Zé Rodrix.
 
               O cantor Roberto Carlos não pôde comparecer ao enterro, mas prestou sua homenagem enviando uma enorme coroa de flores com os seguintes dizeres: "Meu coração está em luto, pois morreu meu grande ídolo."
 Às 16 horas do dia 30 de julho (quarta-feira), o seu corpo baixou à sepultura ao som de seu maior sucesso, “Última Canção”. No final dos anos 1980, uma nova tecnologia permitiu juntar as vozes de Paulo Sérgio e de seu filho, então com 12 anos. A canção escolhida foi “Quero Ver Você Feliz”, música que Paulo gravou em 1975 em homenagem ao nascimento do filho. Na nova versão, lançada em 1987, o filho responde ao pai com novos versos, incluídos à letra original da canção.
 

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