O mundo inteiro certamente está comentando o que aconteceu ontem, na largada do certame nacional do país que vai sediar a Copa do Mundo, daqui a pouco mais de 50 dias. Que vergonha !
Eram quase sete e meia da noite, quando me acomodei no sofá para curtir o jogo de abertura da Série B do Campeonato Brasileiro, entre Joinville e Portuguesa de Desportos, na Arena Joinville. Na verdade já havia uma certa dúvida em relação à partida, porque o Brasil inteiro sabia que a Justiça Comum de São Paulo havia concedido uma liminar à Lusa, anulando o seu rebaixamento e determinando sua inclusão na Série A. E todos sabiam também que a CBF não tinha conseguido cassar a liminar, certamente porque estava na Justiça Paulista, onde o poder de influência da entidade é menor. No Rio, a CBF faz o que quer, e tem cassado todas as liminares que aparecem.
Mas a Portuguesa aparentemente ficou com medo de um possível WO e consequente punição, optando por desrespeitar a liminar e entrar em campo, vestindo um "melancólico" uniforme todo cinza (camisas, calções e meias), condizente mesmo com uma Sexta-Feira Santa.
A maior decepção deve ter sido o torcedor luso que conseguiu a liminar. Ele deve ter acionado a Justiça, para denunciar que ela estava sendo desrespeitada. É mesmo um caso de Polícia. Ou então não temos Justiça no País.
O técnico Argel Fucks conversa com o delegado do jogo
O fato é que, quando já haviam sido jogados 12 minutos, alguém apareceu no gramado com um papel na mão. A princípio, foi noticiado que se tratava de um oficial de Justiça, que estava apresentando a liminar e exigindo a paralização do jogo. Mas logo o homem foi identificado como Laudir Germiani delegado da CBF para o jogo. Ele explicou então que um dirigente da Portuguesa lhe havia entregue o documento, e que a partida seria interrompida. A informação abriu margem para especulações de que Lusa estaria por trás de tudo. Teria sido uma armação ?
Virou um verdadeiro circo. Cada um dizia uma coisa, enquanto a torcida catarinense gritava:"timinho, timinho, timinho..." responsabilizando a Portuguesa por toda aquela palhaçada. Já o técnico Argel Fucks tratava de mandar seus jogadores deixarem o gramado. E desconversava: "Ordem do presidente, temos que sair de campo". Nas arquibancadas, os únicos quatro torcedores da Lusa presentes (foto) divertiam-se com a situação.

Mas não ficou por aí não. Logo apareceu na história o nome de um cidadão (Fábio Nogueira) que todos chamaram de vice-presidente da CBF para a Região Sul, e que mora lá em Santa Catarina. Ele dizia que o presidente José Maria Marin não havia sido notificado e, portanto, a liminar não tinha validade. Então, o delegado do jogo (sem saber o que fazer) passou a dizer pra todo mundo que a partida seria reiniciada. Completamente perdido na história, o árbitro da partida, o capixaba Marcos André Gomes da Penha chegou a conceder um prazo máximo (30 minutos) para os jogadores paulistas retornarem ao gramado.
Quando os 30 minutos foram alcançados, o trio de arbitragem (que não tinha culpa nenhuma) encerrou o jogo e, com proteção policial, deixou gravado sem escapar das vaias. Oficialmente, a partida foi suspensa aos 17 minutos do primeiro tempo, concretizando o que se pode chamar de maior vexame da história do Campeonato Brasileiro de Futebol.
Ficaram muitas indagações. O que é que vai acontecer agora ? Pode ser até que mais uma vez o grande prejuízo seja da Portuguesa, que corre o risco de ser duplamente punida: pela Justiça, porque desrespeitou uma liminar; e pela CBF, porque abandonou o gramado.
E quem vai pagar o prejuízo daqueles ingênuos torcedores que protagonizaram a cena final na Arena Joinville, abanando com os ingressos numa das mãos, e notas de dinheiro na outra. É a imagem que o mundo inteiro deve estar vendo hoje.
Minha opinião é de que a Série A do Brasileirão de 2014 vai ter mais de 20 participantes.