O que esperar de Michel Temer ?
Aumentam as dúvidas sobre o comportamento do eventual presidente. População está inquieta, diante da possibilidade de ficar pior do que está
Prestes a alcançar a Presidência da República em um cenário de crise política e retração econômica, o PMDB adotou o discurso de união nacional como forma de “salvar” o país. A maioria da população, contudo, ainda não sabe o que esperar do governo provisório que o vice, Michel Temer, deve comandar a partir desta semana. E passa a se preocupar com possíveis medidas que afetam direitos como saúde, aposentadoria, trabalho e educação.
As inquietações tomam por base os documentos “Uma Ponte Para o Futuro” e “A Travessia Social”, lançados pela fundação Ulysses Guimarães, com as diretrizes a serem adotadas em âmbito federal. “A narrativa adotada é a de oposição entre direitos e benefícios sociais e crescimento econômico. A retomada do discurso de que o país precisa crescer e, para isso, são necessários sacrifícios. A questão é: quem vai se sacrificar?”, adianta o coordenador do Centro Brasileiro de Pesquisas em Democracia da PUC, André Salata.
“Nos dois documentos, Temer repete, de forma bem mais radical, o que Lula fez com a ‘Carta aos Brasileiros’: tranquiliza os muito ricos. Os governos petistas promoveram uma redistribuição de renda bem efetiva, mas da classe média para baixo. Agora, não há menção à redistribuição de renda, que, junto com a corrupção, é um dos problemas agudos do país”, completa o coordenador do Núcleo de Pesquisas em Organizações Civis, Segurança Pública e Cidadania da PUC, Emil Sobottka.
Em “Uma Ponte Para o Futuro”, o PMDB promete enxugar a máquina pública, fazer o ajuste fiscal, usar ao máximo concessões e parcerias público-privadas (PPPs) na infraestrutura, e retornar ao regime anterior de concessões de petróleo. Na área social, as propostas incluem o fim das vinculações constitucionais obrigatórias para saúde e educação; a reforma da Previdência; a permissão para que convenções coletivas prevaleçam sobre a legislação e o fim do reajuste das aposentadorias conforme o salário mínimo.