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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

CANÇÕES QUE FICAM PRA SEMPRE

                                  "P R A    N Ã O   D I Z E R   Q U E 
N Ã O   F A L E I   D E   F L O R E S"
                   G e r a l d o     V a n d r é


                      

                                                  Duas solicitações feitas por especiais amigos meus trazem para esta quinta música da série "Canções que ficam para sempre" um verdadeiro hino da MPB, nascido nos tempos da Ditadura e dos Festivais. Aqui está a canção "PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES", composição do paraibano GERALDO VANDRÉ, segunda colocada no 3º FIC (Festival Internacional da Canção) realizado pela TV Globo em 1968.

                Os amigos que originaram esta postagem são pessoas estreitamente ligadas a mim. Tarciso José Rodrigues Rodrigues é meu estimado genro, e Sonia Beatriz Veitas Sampaio minha "sobrinha" e queridíssima dentista. Coincidentemente, os dois tiveram como pai, homens que gostavam muito da canção "Pra não dizer que não falei de flores".
                Sonia nunca esqueceu que seu pai, o saudoso médico Osmar Sampaio, usava o refrão da canção ("vem, vamos embora / que esperar não é saber ...") para incentivar seus seis filhos a intensificar os estudos, particularmente na época em que eles se preparavam para prestar vestibulares). Quando o dr.Osmar começava a cantar o refrão,  os meninos tratavam de se fechar no quarto e estudar.
                 E Tarciso, que herdou do seu saudoso pai inclusive o nome, recorda da paixão que o seo Tarciso José tinha por "Pra não dizer que não falei de flores".
 

                                              A canção "Pra não dizer que não falei de flores"  também era conhecida como "Caminhando". Escrita para o FIC de 1968, ela ficou em segundo lugar e teve sua execução proibida durante anos, após tornar-se um hino de resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição a ditadura miliar brasileira e ser censurada.
                                           Mas já no Maracanãzinho, o público se revoltou porque a canção não ficou em primeiro lugar no FIC, perdendo para a música "Sabiá", de Chico Buarque e Tom Jobim. Alguns jurados foram hostilizados e tiveram seus carros apedrejados.  Só anos mais tarde, em 1991, o ex-diretor da Globo, Walter Clark, revelou em sua autobiografia, que a direção da emissora havia recebido ordens do comando do I Exército para que nem "Caminhando" nem "América, América", de Cesar Roldão Vieira, vencessem o festival.

 
                                           A melodia da canção tem mesmo o rítmo de um hino, e sua letra possui versos de rima fácil, quase todos terminados em "ão", o que facilitou a memorização por parte das pessoas, que logo começaram a cantar a música nas ruas.
                                            E na letra, Vandré citava a luta armada e a imobilidade das pessoas que defendiam a democracia, criticava os movimentos que pregavam "paz e amor" e tentava mostrar que de nada adiantava falar de flores aos que atacavam com armas.
 
 
                                             O sucesso da canção, incitando o povo a resistência,  foi tão grande que levou os militares a proibí-la, usando como pretexto "a ofensa "  à instituição, contida nos versos "Há soldados armados, amados ou não / Quase todos perdidos de armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição / de morrer pela pátria e viver sem razão." 
 
 
                           Geraldo Pedrosa de Araújo Dias é o nome de registro de Geraldo Vandré, nascido em João Pessoa, na Paraíba, e que hoje está com 80  anos. Ele veio para o Rio em 1951, ingressando na Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Militante estudantil, participou ativamente do Centro Popular de Cultura da UNE. 
 
                            Grande compositor, Vandré já em 66 dividiu o primeiro lugar do Festival da Record, com o grande sucesso "Disparada", interpretado por Jair Rodrigues. Dois anos depois, com a repercussão de "Pra não dizer que não falei de flores", começou a ser pressionado pela Ditadura. Até que, em 68, com a chegada do AI-5 foi obrigado a exilar-se no Chile e depois na França. Só voltou em 1973.
 
 
            Entre as demais excelentes canções de Geraldo Vandré estão  "Fica mal com Deus",  "Arueira", "Porta Estandarte",  "Berimbau",  "Quem é homem não chora",  "Sonho de Carnaval" e muitas outras.

                             













                             

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