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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

sábado, 18 de julho de 2015

    George Savalla Gomes, o palhaço "CAREQUINHA", estaria completando 100 anos hoje, se ainda estivesse com a gente.  Sempre gostei de palhaços, mas esse era mesmo muito especial. Um homem que atravessou várias gerações como ídolo do público infantil. E dos adultos também

      CAREQUINHA,  O  PALHAÇO  CANTOR

                      

 
Exatamente há 100 anos atrás, no dia 18 de julho de 1915, nasceu George Savalla Gomes, filho de uma família circense, na cidade de Rio Bonito, interior do Rio. Seus pais eram os trapezistas Elisa Savalla e Lázaro  Gomes. Como se vê, CAREQUINHA literalmente nasceu no circo, porque sua mãe grávida estava fazendo sua performance no trapézio, quando entrou em trabalho de parto em pleno picadeiro. Foi uma correria para levá-la ao hospital em tempo. 
 
Mas o que me levou a programar Carequinha neste espaço que homenageia diariamente os músicos, é que ele não foi apenas um palhaço comum. Era um excelente cantor especializado em músicas para a criançada. Meus filhos cresceram vendo Carequinha na TV e cantando com ele.  Oficialmente, Carequinha gravou 62 músicas, algumas já famosas e outras que surgiram na voz dele e ficaram, imortalizadas, como "O BOM MENINO" (aquele que não faz xixi na cama...), canção que escolhemos para o vídeo de abertura desta postagem.
 
Com cinco anos de idade,  Carequinha já estreou como palhaço, numa apresentação na cidade mineira de Carangola. E aos 12 anos, ele já era palhaço oficial do Circo Ocidental, pertencente ao seu padastro.
As pessoas que conviveram com ele por muitos anos, diziam que ele era realmente muito engraçado. "Muitas vezes ele nem precisava fazer nada, mas só com o seu sorriso já encantava multidões e fazia todo mundo rir" - disse Tiago Curva, o palhaço Churumello.
 
O ator Richard Riguetti, que há 38 anos vive o palhaço "Café Pequeno da Silva e Psiu" é um dos fundadores da Eslipa (Escola Livre de Palhaços). Ele costuma dizer que "O Carequinha está para os palhaços assim como Pelé, Romário e Zico estão para os jogadores de futebol. Ele é o nosso exemplo máximo de palhaço brasileiro".
 
Como cantor, ele estreou em 1938, com 23 anos, na Rádio Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, no programa "Picolino".  E suas canções sempre fizeram sucesso.  O seu "Parabéns, Parabéns ", composto por Altamiro Carrilho/Irany de Oliveira, é inigualável: "Chegou a hora de apagar a velinha/ Vamos cantar aquela musiquinha / Parabéns pra você /  Parabéns pra você /  Pelo seu aniversário..."
Carequinha tinha que cantar em todos os shows, porque a plateia exigia. Ele gravou 26 discos, cantando todas as cantigas de roda que a gente conhece.
 
Carequinha foi também o responsável pela abertura da televisão para os artistas circenses. Foi o primeiro palhaço a ter um programa na TV brasileira, o "Circo Bombril" , que mais tarde passou a se chamar "Circo do Carequinha", programa que comandou por 16 anos na TV Tupi, nas décadas de 1950 e 1960. Houve uma época em que ele fazia programas no Rio (às quintas-feiras), em Curitiba (nos sábados) e em Porto Alegre (nos domingos).
 
Carequinha morava em São Gonçalo (RJ) e sua casa estava localizada próxima ao cemitério local. Ele costuma brincar, dizendo: "Gosto daqui. E além do mais, moro pertinho do cemitério. Quando eu morrer, não vou dar trabalho a ninguém. Vou a pé para lá."
E aos noventa anos, na madrugada de 5 de abril de 2006. Carequinha queixou-se de falta de ar e dores  no peito. Morreu antes  mesmo de receber atendimento médico. Foi enterrado no dia seguinte, lá mesmo no cemitério São Miguel, onde está  sepultada  também a maioria das 400 vítimas do pavoroso incêndio do Gran Circus Norte Americano, em 1961.
Carequinha não foi enterrado com a cara pintada, como desejava. Seu desejo não foi atendido pela família, que permitiu apenas que ele fosse sepultado vestindo uma roupa de palhaço.  E o jornal O Globo publicou em manchete:  "Hoje não tem marmelada" 
 
 

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