E se lhe dissessem que há um dia oficial só para comer crepes? Pois esta sexta-feira, 2 de Fevereiro, é dia de comer crepes, segundo uma tradição belga e francesa. Não só se comem crepes, salgados ou doces, como há uma particularidade: virar o crepe. As famílias, sobretudo as crianças, fazem os crepes numa frigideira e lançam-nos ao ar com a mão direita, para os virar, enquanto seguram uma moeda de ouro na mão esquerda. Se o crepe virar e cair direito na frigideira, acreditam belgas e franceses, o ano será próspero. Mas como surgiu o dia de La Chandeleur e esta tradição?
“Se remontarmos às origens, na época dos romanos, a Chandeleur era uma festa em honra do deus Pã, divindade da natureza. Durante toda a noite, os crentes percorriam as ruas de Roma transportando tochas [chandelles, em francês]”, explicam Anne-Laure e Elsa, da creperia Mad'eo em Paris, numa resposta por escrito ao PÚBLICO. “La Chandeleur tornou-se depois uma festa religiosa associada à Apresentação de Jesus no Templo. Hoje em dia, é sobretudo uma ocasião para saborear crepes, em família ou entre amigos”- contam.
Vamos primeiro às origens dos crepes: “Secados ao sol ou estendidos sobre uma chapa quente, modelados com as mãos ou esticados com uma espátula (rozell), qualquer que seja a sua cor, a sua forma, ou o cereal com que é confeccionado, o crepe já é mencionado nas histórias bíblicas e existe desde a antiguidade”,-explica Pierre Gwendal, secretário da Fédération de la Crêperie, num e-mail enviado ao público.
Reza a lenda que, em 1490, a duquesa Anne, então com 13 anos, passeava com o seu séquito pelas terras do pai, François de Bretagne, perto do castelo de Nantes. Apanhados por uma tempestade, o grupo refugiou-se na humilde cabana de um lenhador. Pierre le Faouet, a mulher e a filha não tinham muito mais do que farinha de trigo-sarraceno entre os seus mantimentos. A filha do lenhador, com a farinha, fez uma iguaria cozinhada na lareira.
“Seduzida pelos crepes de trigo-sarraceno, a duquesa Anne decide estender o cultivo desse trigo a todo o seu ducado. Os camponeses bretões aproveitaram a oportunidade pois o cultivo desta planta requer pouco trabalho. Embora o seu rendimento seja irregular e fraco, permite uma colheita ao fim de três meses, o que lhe valeu o nome de ‘planta dos cem dias’. Esta cultura tornou-se ainda mais preciosa pelo facto de ter impostos baixos, o que tornou possível a muitas famílias pobres alimentarem-se deste grão transformado em farinha”, conta Pierre Gwendal.
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