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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

 Lula e Moro, outra
 vez frente a frente




          Quatro meses depois do primeiro depoimento ao juiz federal Sergio Moro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega ao segundo encontro com o magistrado, às 14 horas de hoje, em Curitiba, mais fragilizado do ponto de vista jurídico – mas fortalecido entre militantes que o consideram vítima de perseguição política. Desde aquele episódio, em maio, o petista acumula série de derrotas judiciais: a condenação em primeira instância no caso do triplex, em julho, a abertura de três novas denúncias nos últimos dias e a recente rasteira de seu ex-ministro e amigo Antonio Palocci, que está preso e decidiu fazer delação premiada.

Ao depor a Moro, na última quarta-feira, Palocci revelou o que classificou como "pacto de sangue" entre o ex-chefe e a Odebrecht, surpreendendo até mesmo integrantes da Operação Lava-Jato. Lula não se manifestou sobre o caso, mas o advogado dele, Cristiano Zanin Martins, disse que Palocci fez "acusações falsas e sem provas" por estar "preso e sob pressão". Nos bastidores, a fala foi considerada um forte golpe contra Lula.

Tudo isso, na avaliação do cientista político Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), deve trazer novo ingrediente à cena hoje.  "Do ponto de vista institucional, a situação de Lula é bem diferente desta vez. Mudou para pior – afirma Baía.
           Daqui a pouco, a partir das duas da  tarde, o ex-presidente terá de se explicar sobre a suspeita de recebimento de propina da Odebrecht. Segundo denúncia do Ministério Público Federal, ele teria obtido da empreiteira um terreno para abrigar o Instituo Lula em São Paulo e uma cobertura em São Bernardo do Campo (SP). Em troca, a companhia teria sido beneficiada em contratos com a Petrobras.
Levando em conta as atuais circunstâncias, a tendência é de que o clima na 13ª Vara Federal de Curitiba seja bem mais tenso do que foi no interrogatório anterior, que até espaço para brincadeira teve. Na ocasião, Lula reclamou de não ter sido convidado para a inauguração da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ao que Moro retrucou: "Aí o senhor tem de reclamar com a sua sucessora". O petista riu.
Outra mudança em relação ao primeiro encontro deve ser a redução do efetivo policial nos arredores da Justiça Federal. Daquela vez, foram mobilizados cerca de 3 mil agentes para garantir a segurança no local, frente a uma multidão de apoiadores do petista. Agora, estão previstos 1,5 mil profissionais.
"O esquema será muito parecido, porém um pouco menor do que no depoimento anterior. Considerando informações repassadas a nós, virão menos pessoas" – declarou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita, em entrevista concedida na segunda-feira. 
                   Isso não significa que a militância não fará barulho. Entidades e movimentos sociais articulados pela Frente Brasil Popular prometem realizar novo ato público em apoio a Lula, nos mesmos moldes do anterior.  "É evidente que o ex-presidente enfrenta uma situação mais complicada dessa vez, e esse é o primeiro vetor que influenciará o novo depoimento, mas há um segundo vetor que não pode ser menosprezado: a estratégia do próprio Lula e do PT de transformá-lo em vítima. Isso faz com que a base tenha ânimo para enfrentar o que chama de perseguição política. Sob esse aspecto, Lula estará mais forte. Teremos os dois lados da moeda" – opina Baía.
Antigo companheiro de Lula no PT, o senador Paulo Paim também vê Lula fortalecido do ponto de vista do apoio popular. Em agosto, lembra Paim, o ex-presidente decidiu voltar a percorrer o Nordeste em uma espécie de caravana para "buscar energia para enfrentar toda a parafernália de denúncias". Paim acredita que funcionou. 
                 " Palocci era um dos homens fortes do governo dele. É claro que a forma como se posicionou não foi boa para Lula, mas ele não se deixou abater, não" – argumenta Paim.
                  O ex-deputado estadual Flávio Koutzii, considerado um dos principais intelectuais do PT no Rio Grande do Sul, avalia que o candidato natural da sigla à Presidência da República em 2018 não "botou o pé na estrada" à toa. 
                " A situação de Lula realmente não está fácil, em especial pela velocidade com que tentam tirá-lo do páreo em 2018, mas Lula já está curtido. Criou uma couraça, porque sabe que está no meio de uma batalha terrível. Sem ignorar os novos fatos, acho que ele vai chegar a esse depoimento deixando claro que não vai se curvar" – projeta Koutzii.



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