" M E R C E D I T A "
de: RAMÓN SIXTO RÍOS com: GAL COSTA
Maria Julia Pasquini(foto) é uma querida amiga, filha de um grande e inesquecível amigo, o saudoso Zeferino Pasquini. Maria Julia estréia na série "Canções que ficam pra sempre", mostrando o seu bom gosto. Ela sugere a "eterna" canção "MERCEDITA", uma música argentina que invadiu e conquistou o Brasil. No vídeo, a canção escrita por RAMÓN SIXTO RÍOS é interpretada pela nossa GAL COSTA, numa gravação extraída da série de televisão "A Casa das Sete Mulheres".
"Merceditas" continua fazendo muito sucesso no Brasil, tendo sido traduzida em português sob o título de Mercedita, e às vezes com algumas variações na letra. Entre as versões mais difundidas destaca-se a de Gal Costa, respeitando a letra original, que se refere à localização geográfica da história ("onde crescem os trigais / província de Santa Fé"), e a versão do Grupo Querência como na música original, regravada em espanhol. Outras versões substituem as linhas como "Hoje só ficou saudade / desse amor que se desfez". Entre os músicos brasileiros que cantam e tocam "Mercedita" estão, Renato Borghetti, Dino Rocha, Belmonte & Amaraí, Quinteto Haendel, Tetê Espindola, Alzira Espindola,Luiz Carlos Borges, Os Serranos, entre muitos outros.
Merceditas (ou Mercedita) é uma conhecida canção do folclore argentino, em ritmo de chamamé, composta e gravada com êxito por Ramón Sixto Ríos, na década de 1940. Alcançou sucesso nacional e internacional com as gravações de Ramona Galarza em 1967 e do grupo Los Chalchaleros em 1973. Trata-se de uma canção que fala de um amor não correspondido, considerada, junto a "Zamba de mi esperanza", como a mais famosa música folclórica da Argentina e uma das treze mais populares desse país
Uma história apaixonante e inesquecível !
Em 1939, o músico Ramon Sixto Rios, nascido na antiga cidade da Federación, era um jovem de 27 anos quando chegou na cidade de Humboldt para atuar em um grupo de teatro na Sarmiento Club.
Lá ele conheceu Mercedes Strickler Khalov (1916-2001), a quem todos chamavam Merceditas, uma bela e camponesa, loira de olhos azuis, três anos mais jovem, que vivia em um laticínio de leite localizado na zona rural em torno da cidade de Humboldt, na província de Santa Fé. Merceditas, filha de imigrantes alemães, havia perdido seu pai quando era uma garotinha e, desde então ele teve que assumir a pousada com a mãe e a irmã.
"Ele chegou a Humboldt com uma companhia de teatro. Uma noite depois de cantar no meio do show, pediu-me para dançar. Eu aceitei, porque não? Dançamos um tango."
Esse primeiro encontro teve lugar no Sarmiento Club de Humboldt. Ela usava um vestido branco e usava os cabelos longos e encaracolados. Ele tinha um terno trespassado e estava com gel penteando o cabelo.
Merceditas chamava a atenção não só pela sua beleza, mas também pelo seu espírito independente, incomum em mulheres da época. Ela costumava sair na cidade, sozinha em uma motocicleta, com calças de tecido leopardo, botas e jaqueta de couro. Também montava num cavalo como um homem, e ia sozinha a Córdoba. Era comum ser o centro das fofocas e boatos dos moradores.
Merceditas e Ramon começaram uma relação formal, que permaneceu dois anos, alimentada pelas cartas que eles trocaram, pois ele vivia em Buenos Aires, a mais de 500 quilômetros de distância.
Enquanto o relacionamento durou, Ramon ia a Humboldt para visita-la ocasionalmente. Naqueles anos, iam brotando os versos de "Pastora de flores", onde Rios escreve:
Allá en los campos solitarios
vive la Pastorcita,
la encantada Merceditas
que es leyenda entre las flores
que su mano ha cultivado.
Ella es la rubia mía,
y todo el mundo lo sabe;
lleva en sus manos un ramo
de bellas flores silvestres
y al verla así es que parece
que son las flores sus manos
o que su manos florecen.
vive la Pastorcita,
la encantada Merceditas
que es leyenda entre las flores
que su mano ha cultivado.
Ella es la rubia mía,
y todo el mundo lo sabe;
lleva en sus manos un ramo
de bellas flores silvestres
y al verla así es que parece
que son las flores sus manos
o que su manos florecen.
Em 1941, Rios decidiu propor o casamento, e viajou para Humboldt com anéis. Mas, inesperadamente, Merceditas rejeitou sua proposta:
"Eu gostei, mas em nenhum momento eu deixei a desejar. Foi o dia que veio com os anéis para se envolver. Não aceitei. Fugi de um amor que eu queria cometer. Ele voltou com os anéis."
Em outra ocasião, também diria a respeito:
"Eu só lamento."
Eles se separaram no terminal de ônibus da Esperança. Apesar da pausa, Ramon e Merceditas continuou a escrever vários anos, até que ela parou de responder, em 1945. Ele insistiu, no entanto, mais alguns anos, passando as cartas que lhe causava dor de um amor não correspondido:
"Ao longo dos meses e anos, não respondeu as minhas cartas mais, não querendo perder tempo comigo. E então começou a enviar cartas, mas tudo parecia tão triste, que me fazia chorar. Ainda assim mantemos os Poemas: Sad saiu, porque eu tinha deixado."
Até que ele também parou de escrever. A última carta diz:
"Vinde a mim como uma rosa muito pálida, para arrancar deixar em suas mãos e morrer e, muito suavemente, quase com prazer. Não é possível ser de outra forma, porque só as montanhas não são, mas as pessoas podem ser elas mesmas e se nós acharmos, seja nesta vida ou em outra, é sempre bom ter um lembrete amigável de tudo."
De qual dor veio "Merceditas", a música ? Ramón Ríos compôs a canção na década de 1940, gravou e ela tornou-se um hit de rádio. Mercedes Strickler se recorda do momento em que ouviu no rádio:
A Argentina vivia um momento de renascimento da música folclórica no Pais, que se tornou cada vez mais popular no contexto de grandes mudanças sócio-econômicas, caracterizadas por um amplo processo de industrialização no centro de Buenos Aires, que provocou uma onda de migração interna de 1930, as áreas rurais e urbanas e as províncias (interior) para a Capital.
Ramón Ríos continuou a sua vida e se casou com outra mulher, mas acabou enviuvando apenas dois anos depois. Em 1980, uma revista de Buenos Aires, publicou uma nota, que incluiu uma entrevista com Merceditas. Rios escreveu uma carta pedindo-lhe para ir para Buenos Aires, reunião que se materializou logo depois. Ele voltou a propor casamento, mas ela se recusou novamente.
Mantiveram-se em contato estreito até a morte de Rios, 25 de dezembro de 1994, quando ele tinha 81 anos. Seu último ato foi legar os direitos da canção. Ela viveu até os 84 anos e morreu sem deixar filhos em 8 de julho de 2001. Até o último momento vivido com a sensação de que Deus lhe havia punido por seu comportamento.
Mantiveram-se em contato estreito até a morte de Rios, 25 de dezembro de 1994, quando ele tinha 81 anos. Seu último ato foi legar os direitos da canção. Ela viveu até os 84 anos e morreu sem deixar filhos em 8 de julho de 2001. Até o último momento vivido com a sensação de que Deus lhe havia punido por seu comportamento.
M: "Eu o amava, mas não era apaixonada. Eu acredito em Deus e acredito que quando algo dá errado é porque Deus me puniu."
Deus te puniu?
M: "Sim, porque eu o deixei."
Deus te puniu?
M: "Sim, porque eu o deixei."
Em espanhol | Tradução em português (1) | Tradução em português (2) |
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¡Qué dulce encanto tiene en mi recuerdo, Merceditas, aromada florecita, amor mío de una vez! La conocí en el campo, allí muy lejos, una tarde, donde crecen los trigales, província de Santa Fe. Así nació nuestro querer, con ilusión, con mucha fe. Pero no sé por qué la flor se marchitó y muriendo fue. Y amándola con loco amor, así llegué a comprender, lo que es sufrir, lo que es querer; porque le dí mi corazón. Como una queja errante en la campiña va flotando el eco vago de mi canto, recordando aquel amor. Pero, a pesar del tiempo transcurrido, es Merceditas la leyenda que palpita, en mi nostalgica canción. Así nació nuestro querer, con ilusión, con mucha fe. Pero no sé por qué la flor se marchitó y muriendo fue. Y amándola con loco amor, así llegué a comprender, lo que es sufrir, lo que es querer; porque le dí mi corazón. | Que doce encanto traz a minha lembrança, Mercedita, minha flor a mais bonita Que uma vez tanto amei A conheci no campo há muito tempo, Numa tarde onde crescem os trigais Província de Santa Fé; E assim nasceu nosso querer Com ilusão, com muita fé Mas eu não sei por que a flor Foi murchando até morrer E amando-lhe com louco amor Assim cheguei a compreender O que é querer o que é sofrer Por ter lhe dado o coração Como uma queixa errante nas campinas vai sobrando um eco vago do meu canto, Vai lembrando aquele amor Mas apesar do tempo já passado, és Mercedita a lembrança que palpita Na minha triste canção E assim nasceu nosso querer Com ilusão, com muita fé Mas eu não sei por que a flor Foi murchando até morrer E amando-lhe com louco amor Assim cheguei a compreender O que é querer o que é sofrer Por ter lhe dado o coração | Recordo com saudades seus encantos, mercedita perfumada flor bonita me lembro de uma vez a conheci no campo muito longe, numa tarde hoje só ficou saudade desse amor que se desfez e assim nasceu o nosso querer com ilusão, com muita fé mas eu não sei, porque essa flor deixou-me dor e solidão Ela se foi, com outro amor e assim me fez, compreender o que é querer, o que é sofrer porque te dei meu coração E o tempo vai passando e as campinas verdejando e a saudade só ficando dentro do meu coração Mas apesar do tempo, já passados Mercedita sua lembrança palpita na minha triste canção e assim nasceu o nosso querer com ilusão, com muita fé mas eu não sei, porque essa flor deixou-me dor e solidão Ela se foi, com outro amor e assim me fez, compreender o que é querer, o que é sofrer porque te dei meu coração |
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