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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

domingo, 7 de junho de 2015

       Chegou o dia de destacar "A Guerreira", uma das melhores cantoras que o Brasil já teve.  Era mesmo emocionante ver e ouvir esta moça cantar, com garra e talento. Viveu pouco, mas deixou enorme saudade

                                   C L A R A        N U N E S


                  


          CLARA FRANCISCA GONÇALVES PINHEIRO era uma mineira de Paraopeba, nascida no dia 12 de agosto de 1942. Foi uma cantora de samba e MPB. E ainda uma incansável pesquisadora da nossa música popular, dos nossos ritmos e folclores. Foi a primeira cantora brasileira a vender mais de 100 mil cópias, quebrando um tabu, segundo o qual nossas mulheres não vendiam discos. 


                              Clara era a mais jovem dos sete filhos do casal Manuel e Amélia. A família morava num distrito de Paraopeba chamado Cedro.  Anos depois, Cedro se transformou em cidade e foi emancipado com o nome de Caetanópolis. E a nossa Clara Nunes viveu ali até os 16 anos.


                             O marceneiro Manuel, conhecido como "Mané Serrador", era violeiro e participante das festas da Folia de Reis.  Mas ele morreu quando Clara tinha apenas dois anos. E pouco depois faleceu também a sua mãe. Quem na verdade assumiu a criação de Clara foram seus irmãos Dindinha e Zé Chilau.  E desde pequena nossa homenageada participava de aulas de catecismo e cantava ladainhas em latim, no coro da igreja.
                              Anos mais tarde, já cantora, ela viria a se converter à macumba, depois de viajar várias vezes para a África e conhecer as danças e tradições afro-brasileiras.


                                  Carmem Costa, Ângela Maria e especialmente Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira foram as grandes influências de Clara. Quando tinha apenas 10 anos, ela venceu um concurso cantando "Recuerdos de Ypacaraí". Como prêmio, ganhou um vestido azul. Mas aos 14 anos começou a trabalhar como tecelã.

                               Aos 16 anos, seus irmãos tiveram que se mudar para Belo Horizonte e lá foi Clara. Continuou trabalhando como tecelã, mas participava de um coral. E foi aí que conheceu o violonista Jadri Ambrósio, famoso por ser o autor do Hino do Cruzeiro. Ele adorou a voz de Clara e levou-a para alguns programas de rádio, como "Degraus da Fama", no qual ela se apresentou como Clara Francisca.

                        E no início da década de 60, Clara conheceu Aurino Araújo, irmão do cantor Eduardo Araújo, que a levou para conhecer vários artistas. Aurino se tornou seu namorado durante dez anos. Foi então que, por influência do produtor musical Cid Carvalho, ela mudou o nome artístico para Clara Nunes.

   
                       Ainda em 60, Clara ganhou a etapa mineira do famoso concurso "A Voz de Ouro ABC", com a música Serenata do Adeus, de Vinicius. E na fase nacional, já em São Paulo, ficou em terceiro lugar, com a canção Só Adeus, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Mas abriu o mercado. Fez então sua primeira apresentação na televisão, num programa de Hebe Camargo. E logo em seguida ganhou um programa exclusivo na TV Itacolomi de BH, chamado "Clara Nunes Apresenta", exibido por um ano e meia.



                      Em 1965 mudou-se para o Rio, passando a viver em Copacabana. Apresentou-se em muitos programas. Além, das emissoras de rádio e televisão, Clara , que ainda cantava especialmente boleros, percorreu também clubes e casas noturnas dos subúrbios cariocas e ainda as escolas de samba. E logo acabou aderindo ao samba, firmando-se no gênero em 1972. Depois de visitar a África, fez uma permanente nos cabelos pintados de vermelho, passando também a se vestir com roupas que remetiam às religiões afro-brasileiras.


                      O sucesso veio com tudo, como mostram os números de cópias vendidas de seus álbuns: 1971 - "Clara Nunes" - 158.710;  1972 - "Clara Clarice Clara" - 164.542;  1973 - "Clara Nunes" - 250.120;  1974 - "Brasileiro Profissão Esperança" - 219.010;  1974 - "Alvorecer" - 784.028;  1957 - "Claridade" - 1.125.410;  1976 - "Canto das Três Raças" -  1.285.058;  1977 - "As Forças da Natureza" - 809.047;   1978 - "Guerreira" - 1.011.005;  1979 - "Esperança"  - 900.485;   1980 - "Brasil Mestiço" - 2.002.450;  1981 - "Clara" - 811.587;  1982 - "Nação"  - 1.254.988 cópias vendidas.





                                                             

                   E a vida corria as mil maravilhas até que, no dia 5 de março de 1983,  Clara Nunes se submeteu a uma aparentemente simples cirurgia de varizes. Tudo deu errado, e a cantora teve uma reação alérgica a um componente anestésico. Ela sofreu uma parada cardíaca e ficou 28 dias internada na UTI da Clínica São Vicente, no Rio.  Surgiram especulações, algumas até absurdas. Falavam em tentativa de suicídio, inseminação artificial e até em espancamento por seu marido, o compositor Paulo Cesar Pinheiro. 
                   O fato é que na madrugada de 2 de abril de 1983, Clara Nunes foi declarada morta em razão de um choque anafilático. A sindicância aberta pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro foi arquivada, o que gerou o aumento das desconfianças sobre as causa da morte da cantora.
                   Mais de 50 mil pessoas passaram pelo velório na quadra da Portela, escola de samba que Clara Nunes adorava, e pela qual ela desfilou pela última vez 20 dias antes da trágica cirurgia.  E uma multidão invadiu o Cemitério São João Batista, onde Clara descansa em paz.



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