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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

sábado, 25 de junho de 2016

Canguçu planta Araucária e já
 virou uma espécie de Paraná 



                    O cara é um médico anestesista. Lida com vidas humanas o tempo todo. Divide-se entre Pelotas e Porto Alegre. Teoricamente tinha tudo para não se envolver em trabalho ambiental. Mas aconteceu exatamente o oposto. Nas horas de folga, Alexandre Rodrigues Nunes, 42, natural de Canguçu, corre para sua terra natal e dá sequência ao projeto de reflorestamento de araucárias no município. Faz isso há dez anos, período em que já plantou mais de dez mil mudas ao redor da cidade. 
                       Conseguiu o feito de transformar a araucária em árvore-símbolo de Canguçu, via Câmara de Vereadores, e se orgulha do projeto, viabilizado por meio do Instituto André Puente, do qual é presidente. Trata-se de uma ONG que busca promover o desenvolvimento humano, defesa de bens e direitos sociais, coletivos e difusos relativos ao meio ambiente, ao patrimônio histórico e cultural.
                         Ele acredita que o passo inicial para o reconhecimento da Araucaria angustifolia como árvore-símbolo ajudará, entre outros fatores, na remodelação estética e econômica da cidade, assim como a valorização das propriedades e fixação dos agricultores no campo. Nunes ressalta que Canguçu é o limite sul da floresta de Araucaria angustifolia, sendo o norte Conselheiro Pena, em Minas Gerais.
               Segundo ele, autores afirmam ter havido no município o maior núcleo de pinhal do Escudo Sul Rio Grandense, que teria oito mil hectares. Com o tempo as pessoas foram derrubando e não replantaram, o que fez com que a espécie sumisse gradativamente. O plantio começou na entrada da cidade e teve alguns lugares que Nunes replantou pelo menos dez vezes - na época do Natal as pessoas cortam para fazer seu pinheiro, relata. “É um trabalho complicado. São incontáveis os replantios e às vezes que fui atacado por cachorros”, conta.
                O médico tem um berçário em casa com três mil mudas, mas iniciou o trabalho com as adquiridas no horto florestal de São Francisco de Paula. É preciso ter o ambiente ideal para a espécie, que deve ser plantada em uma região de declive, sem água parada. Não pode ficar embaixo de rede elétrica e também não deve haver residências perto.
                    Nunes plantou mudas do pedágio até o posto de combustíveis localizado na entrada da cidade. A quantidade perdida foi muito grande, mas ele não desiste e continua o trabalho todos os invernos, estação ideal para o plantio.
                         Hoje em dia é fornecedor de sementes para o Colégio Agrícola de Canguçu, Embrapa e prefeitura do município. As sementes (pinhões cobertos com serragem) ficam em caixas de madeira que tem em casa, em Pelotas, junto com as mudas prontas para serem plantadas. De acordo com a Embrapa, a araucária é uma árvore extremamente útil e tudo nela é aproveitável: as amêndoas (pinhões), a madeira, a pasta de celulose e a resina delas extraídas.
                               Considerada uma árvore de rara beleza, em especial de sua copa nos vários estágios de crescimento, a espécie é de grande efeito ornamental. Também conhecida como pinheiro-brasileiro, é uma espécie em extinção muito antiga, com ciclo de vida que teve origem há 200 milhões de anos. Mede de dez a 50 metros de altura e pode produzir cerca de 40 quilos de pinhão ao ano. Possuem machos e fêmeas e tem como sementes o pinhão.
                                De suas folhas podem ser retirados seis biflavonoides, agentes que atuam contra inflamações e artrite, além de etil-acetato e n-butanol, de comprovada ação anti-herpética.

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