Depois de alguns dias, nosso espaço musical volta hoje com um dos artistas mais discretos que conheço. Especialmente entre os sambistas. A elegância é outra marca forte deste carioca de Botafogo, que é respeitado pelo Brasil inteiro.
A maioria dos grandes sambistas é Flamengo. Mas PAULINHO DA VIOLA é diferente mesmo, torce para o Vasco da Gama. Me apaixonei pelo seu jeito de cantar desde que ouvi pela primeira vez. E foi por volta de 1970, quando ele lançou esse samba que aparece no vídeo, "FOI UM RIO QUE PASSOU EM MINHA VIDA", uma verdadeira declaração de amor que Paulinho fez à sua Portela. Uma harmonia maravilhosa, conduzindo uma letra que entre outras coisas diz: "Quando vi você passar / Senti meu coração apressado / Todo o meu corpo tomado / Minha alegria voltar..."
Paulo César Batista de Faria tem 72 anos e canta samba e choro desde 1965, além de tocar habilmente violão e cavaquinho. Mas já nasceu no meio, filho do violonista Benedicto Cesar Ramos de Faria, que foi integrante da primeira formação do grupo de choro "Época de Ouro". E Paulinho, nascido em Botafogo, desde pequeno gostava de ouvir choros e sambas. Mas, para completar, ainda teve a chance de conviver com os grandes chorões da época, com Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Dilermando Reis.
Engraçado é que o velho Benedicto não queria que seu filho fosse músico. Mas acabou sendo convencido e lhe deu um violão de presente. Foi o suficiente. Paulinho aprendeu a tocar sozinho, aos 15 anos, aperfeiçoando-se depois através do método de Matteo Carcassi. E o envolvimento com o carnaval veio junto, pois logo passou a organizar blocos carnavalescos. E não demorou muito para ingressar na ala de compositores da Escola de Samba União de Jacarepaguá. Lá conheceu outros sambistas importantes, como Catoni e Jorge Mexeu.
Mas antes de iniciar a carreira profissional na música, Paulinho da Viola ainda trabalhou como contador de uma agência bancária carioca. Porém seguiu tocando e, depois de fazer alguns shows com Zé Ketti e Ciro Monteiro, acabou se convencendo de que o seu negócio era realmente a música.
Já integrado à Portela, Paulinho iniciou carreira em 1965, pela Musidisc.
Ao longo dos anos 70, nosso sambista gravou em média um disco por ano, com um sucesso atrás do outros. E fez shows por todo o Brasil e por vários outros países. Na década de 80, seguiu brilhando, mas o reconhecimento maior parece ter chegado nos anos 90.
"Coisas do Mundo Minha Nega", "Sinal Fechado" e "Foi um Rio que Passou em Minha Vida" são as minhas três preferidas do repertório de Paulinho da Viola que, entretanto, tem outras duzentas canções maravilhosas. Vale a pena conhecer todos os seus discos.
E podem se preparar, porque a história musical desta família não vai terminar com Paulinho da Viola. Sua filha Beatriz Rabello (foto abaixo), de 33 anos, estudou música desde os sete, e já está brilhando como pianista e cantora, além de jornalista. Ela é um dos destaques do musical "SamBra", ao lado de Diogo Nogueira e outros artistas conhecidos.
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