Quem sou eu

Minha foto
Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

sábado, 4 de julho de 2015

       Ela nunca foi uma mulher extremamente bonita. Mas enlouqueceu o craque Garrincha e o Brasil inteiro com sua voz, seu improviso e o seu requebrado. O vídeo abaixo não é um vídeo comum, mas um show desta mulata inesquecível

                                         e  l  z  a      s  o  a  r  e  s

                     

                                            A vida de ELZA SOARES é uma sucessão de conquistas, alegrias, tragédias e tristezas. Mas ela sobreviveu a tudo. Aos 85 anos, como dizem os historiadores, ou 77, como ela garante ser a sua idade real, Elza  ainda canta samba, MPB, Bossa Nova, Sambalanço, Hip-hop, Samba rock, Samba enredo e o que mais pedirem pra ela cantar.  
                                            Uma queda sofrida no palco, em 1999, tornou a vida desta guerreira ainda mais difícil. Com vários pinos nas costas e três cirurgias, ela já fica mais sentada do que em pé. Mas a voz está lá, do jeitinho que Deus lhe deu. Para a felicidade de todos nós, que ouvimos por tantos anos ela cantando pelo mundo afora.

Impossível falar em Elza Soares sem falar em Garrincha, que até hoje é considerado como o maior craque do futebol brasileiro depois de Pelé. Com o que eu concordo plenamente. Ele dribou os mais duros marcadores de todo o mundo, mas sempre ficou parado, quando se viu a frente de Elza Soares, sua paixão mais forte e demolidora.
Foi aos 32 anos que Elza conheceu Garrincha. E sofreu muito pra ficar ao seu lado. Uma cantora em início de carreira, envolvida com um jogador famoso e casado, que também se apaixonou por ela, largando a esposa e as sete filhas para ficar ao seu lado. Uma história que o Brasil inteiro sabe de cór e salteado, e que durou 16 anos.
 
Elza da Conceição Soares Pereira é uma carioca nascida na favela de Moça Bonita, em Padre Miguel,  no dia 23 de junho de 1930, filha de um operário e tocador de guitarra (Gomes Soares) e de uma lavadeira (Rosária Maria da Conceição). Pois esta mulher se tornou uma cantora extraordinária, além de compositora, dançarina, atriz e modelo.
A sua infância foi brincar na rua, soltar pipa, rodar piões de madeira e até brigar com os meninos. Foi uma infância pobre, porém feliz, mesmo tendo que trabalhar levando latas d'água na cabeça. Mas aos 12 anos foi obrigada pelo pai a largar tudo para se casar com um homem que tinha nome de mulher: Lourdes Antônio Soares, que era chamado de Alaúrdes., certamente para não prejudicar a sua "imagem". 
 E quando tinha 13 anos, já veio o primeiro filho. Mas João Carlos veio prematuro e desnutrido, morrendo de fome ainda recém-nascido. Na tentativa de salvar a vida do filho, Elza tentou participar do programa de calouros de Ary Barroso, na Rádio Tupi. Mal vestida e com um jeito humilde de falar, a princípio não foi levada a sério. Entretanto, quando começou a cantar, mostrou todo o seu potencial e ganhou um prêmio em dinheiro, aplicado em remédios para salvar a vida do filho. Mas João Carlos morreu.
E a história se repetiu logo depois. Aos 15 anos, Elza teve o segundo filho, que também nasceu prematuro e desnutrido, falecendo com poucos dias de vida. E, como se não bastasse, ela ficou viúva aos 20 anos, porque seu marido morreu de tuberculose. Quanta tristeza, hein ?
                        De repente, Elza se viu sozinha, porque toda a sua família havia morrido. Com 5 filhos para criar, ela foi doméstica, faxineira, lavadeira, passadeira, mas sempre mandava os filhos para a escola. E continuava sonhando em ser cantora. quando sobrava um tempo do trabalho, ela cantava em bares.
                         Aos 29 anos, em 1959, a situação era tão desesperadora que Elza deu um dos seus cinco filhos, a única menina, para uma família com mais posses criar. E o casal sumiu com a menina, para maior desespero.

                          Quando começou a trabalhar como cantora, surgiu Garrincha na sua vida, em 1968. Mas o sofrimento continuou para Elza, que era chamada de "bruxa", acusada de ter feito Garrincha largar sua família.  Os próprios amigos de Garrincha não aceitavam Elza como sua esposa. E ela corria os bares, pedindo bebida para o marido, que se tornara um alcóolatra. O dinheiro que ganhara antes de conhecer Elza, Garrincha já havia "torrado".  A única coisa boa é que ela começava a ser reconhecida como uma boa cantora.
 



                         Em 1983, Garrincha, que havia se separado de Elza, morreu de cirrose. Ela ficou arrasada, mas nem teve muito tempo para chorar a morte do amado e se recuperar, pois três anos depois, veio outra tragédia: num acidente de carro, morreu seu filho, que ia para o cemitério visitar o túmulo de seu pai, Garrincha. Foi demais para Elza Soares, que saiu do Brasil e ficou 9 anos cantando na Europa e nos Estados Unidos. 
               No retorno ao Brasil, Elza finalmente reencontrou a filha e voltou a ser feliz. Sua carreira continuava bem e ela tornou-se uma cantora bem popular, com vários sucessos, como "Se Acaso Você Chegasse" e  "Mas Que Nada". Em toda a sua carreira, Elza Soares gravou 32 álbuns e fez centenas de shows. Pelo menos envelheceu agradecida pelo reconhecimento popular, que finalmente veio. 
 
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário