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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

ELIS: NUNCA HAVERÁ
 OUTRA COMO ELA
 

               A primeira vez que eu vi Elis Regina de perto foi num programa de auditório da Rádio Gaúcha, no Edifício União, em Porto Alegre, em 1960. "Musical Orniex" era o nome do programa, que acontecia nas noites de sábado, com artistas da capital gaúcha e geralmente um convidado do Rio ou de São Paulo.
                Nos seus 15/16 anos, a menina Elis era uma gracinha. De baixa estatura, mas bonita e sorridente. O auditório era pequeno, o que possibilitava a gente a oportunidade de ficar bem próximo dos cantores que se apresentavam. Assim, do alto dos meus 20 anos, lá estava eu, a não mais de 10 ou 15 metros daquela que se tornaria, poucos anos depois, a maior diva da música popular do Brasil. Naquela noite Elis cantou a música "Flamingo", em inglês. E imediatamente me apaixonei por seu talento, a ponto de nunca mais perdê-la de vista.
                 Nos meses seguintes, estive várias vezes próximo a ela, nas tribunas sociais do Grêmio, por ocasião dos jogos do Tricolor.  Elis era gremista e estava sempre acompanhada por uma senhora, que alguém me disse tratar-se de uma tia dela.  Me recordo ainda, que as vezes ela ia ao estádio com roupas de colégio, tipo saia plissada azul-marinho com blusa branca. Certamente estudava à tarde e já ia direto da escola para o Estádio Olímpico.

                   E assim a vida seguiu seu rumo. Elis se consagrou como nossa maior cantora e veio para o eixo São Paulo/Rio. E o resto da sua vida todos certamente já conhecem. Por esta razão, me limito aqui a comentar os breves momentos em que estive próximo dela. A última vez foi no saguão do Hotel Bourbon. Ela veio a Londrina para um show, e a Folha de Londrina me destacou para entrevista-la, juntamente com o companheiro Zé Flávio Garcia.
                 Conversamos muito. E "brigamos" também, divergindo sobre pontos de vista ligados à música. Elis era uma mulher de opiniões fortes. E eu conhecia bem o seu início de carreira, desde que ela gravou o calipso "Dá sorte", do compositor gaúcho Eleu Salvador. Mas ela preferia recordar apenas do Rio e São Paulo pra frente, e isto foi a razão maior das nossas discussões, que sempre terminavam com ela segurando o meu braço e sorrindo.  Foi um dos trabalhos jornalísticos mais prazerosos e importantes que realizei na minha carreira.

                 Mas mesmo depois da morte de Elis, ainda voltei a me sentir ligado à ela, quando contratei sua cunhada, Lena Mariano, pra cantar no meu bar, o "Cantinho'', famoso na época, aqui em Londrina.  Irmã do maestro, pianista e arranjador Cesar Camargo Mariano, o último marido de Elis Regina,  a querida Lena era também uma cantora excepcional, que se casou com um americano e mora até hoje nos Estados Unidos. E que continua sendo minha amiga de Facebook. Ela tem, inclusive, curtido este espaço do Blog em que revivemos o melhor da música.
                  Elis Regina Carvalho Costa , que Vinicius de Moraes apelidou de "Pimentinha", nasceu em Porto Alegre em 1945, e morreu de maneira absurdamente precoce, aos 36 anos, em 1982, por conta de males advindos do álcool e das drogas. Foi mais uma vítima do nosso mundo cruel. De seus filhos, Maria Rita, Pedro Mariano e João Marcelo Bôscoli, este último do seu primeiro casamento, com Ronaldo Bôscoli, certamente ainda vamos falar muito neste espaço musical que ocupamos diariamente.
 
                 O repertório de Elis Regina era imenso. Escolhi a canção "Só Tinha Que Ser Com Você", de Tom Jobim, porque o vídeo mostra Elis do jeito que eu a conheci, com seu gingado, sua voz maravilhosa e o seu contínuo e inesquecível sorriso.  Ela deve estar rindo até hoje.

     De uma coisa eu tenho certeza, Elis foi a maior cantora que o Brasil já teve !

3 comentários:


  1. APROVADO POR UNANIMIDADE "" A MELHOR CANTORA DESSE PAÍS ====TROUXEMOS: ELIS-SIMONAL-JAIR RODRIGUES- ZIMBO TRIO- TAMBA TRIO, quando estávamos na Faculdade de Odontologia. Se apresentaram no OURO VERDE. Foi uma sensação na época, pena Flavio,que nâo havia a facilidade de fotografar ,como hoje . Nâo tenho nenhuma lembrança da festa>

    HAMILTON LUIZ NASSIF-02/02/2015

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  2. Parabéns, meu caro Flavio, pela homenagem a inesquecível Elis Regina.
    Abcs!

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  3. Caro Nassif, posso imaginar o sucesso desta festa com tanta gente boa reunida. Mas era realmente muito mais difícil obter fartos registros fotográficos. Desta entrevista mesmo que fiz com Elis no Bourbon, tenho apenas uma foto preto e branca, já bem desgastada, mas que guardo num quadrinho, aqui em casa.

    E ao Valdo, o meu abraço e meu agradecimento pela força.

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