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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

domingo, 24 de agosto de 2014

Nunca vou esquecer aquele dia !


          Pelotas (RS), 24 de agosto de l954. Já se passaram 60 anos, mas ainda me lembro de tudo. Era uma terça-feira. O céu estava acinzentado, porém não não chovia e também não fazia muito frio, embora ainda fosse inverno.  Na alegria habitual dos meus doze pra treze anos, eu jogava bola na calçada, com um amigo de infância. Com uma bolinha de tênis, a gente disputava mais uma partidinha daquele jogo que nós mesmos havíamos inventado. Não valia usar o pé, era tudo de cabeça. E o gol marcado em rebatida direta valia dois. Era muito gostoso.  Preferíamos jogar na rua Professor Araújo, porque suas calçadas eram mais largas. Estávamos felizes, no meio daquela manhã.
         De repente, paramos para que  uma senhora que se aproximava pudesse passar. E foi então que ouvi ela dizer, quase gritando: "Vão pra casa guris, o Getúlio morreu !"
          O jogo acabou na hora. Nem sei se perdi ou ganhei aquela partida. Só sei que saímos numa corrida desabalada a caminho de casa, cerca de 150 metros. E que pelo caminho passamos por algumas pessoas que pareciam estar chorando. Percebi então que todos os gaúchos estavam órfãos. Havia morrido o pai de nós todos.
           O resto da história, todo mundo conhece. No Palácio do Catete, no Rio, o presidente havia disparado um tiro contra o próprio peito, pressionado pela crise política que se instalara em seu governo, provocada pelo jornalista Carlos Lacerda, seu opositor político. Situação agravada pelo gesto impensado de Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio, que planejou um atentado contra Lacerda. Tudo saiu errado e quem acabou morrendo no atentado foi o major Vaz, da FAB, que fazia a segurança do jornalista.
           Foi demais para um homem digno como Getúlio que, 34 anos antes, já havia escrito em seu diário: "Sinto que só o sacrifício da vida poderá resgatar o erro de um fracasso."  E Getúlio Dornelles Vargas escreveu então uma carta que é uma verdadeira obra-prima literária, oficializando sua dramática decisão: "Saio da vida para entrar na história."
            Sei que algumas pessoas nunca conseguiram entender porque muitos brasileiros são até hoje apaixonados por Getúlio. Argumentam que "ele foi um ditador".   Esquecem ou não sabem que o Brasil clamou por sua volta, quando ele estava auto exilado, lá na fronteira, na sua São Borja, porque o País vivia muito mal sem ele. Qual outro ex-ditador voltou a presidir uma nação, trazido nos braços do povo ?

        
Até hoje o Brasil vive mal, sem Getúlio Vargas

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