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Gaúcho de Pelotas, com experiência jornalística internacional, atuando em Rádio, TV e Jornal por mais de 40 anos. Cobriu duas Copas do Mundo (EUA e França), nove edições da Copa América e os Jogos Olímpícos de Atlanta (EUA), entre outros eventos importantes. Idealizador dos Jogos de Inverno Intersociedades de Londrina. Compositor premiado em diversas edições do Festival de Música de Londrina na década de 70.

sábado, 16 de janeiro de 2016

CANÇÕES QUE FICAM PRA SEMPRE

                             " A S    R O S A S   N Ã O     F A L A M "

                                                           C  a  r  t  o  l  a


                    


Neuza Urquiza Correa de Moraes (foto) é uma amiga muito querida e de muitos anos. Viúva de um ótimo amigo que eu tive, o saudoso dr. Lamartine Moraes. Quando perguntei a Neuza qual era a sua música preferida, ele nem precisou pensar pra responder: "AS ROSAS NÃO FALAM, DO CARTOLA".
 
 
"AS ROSAS NÃO FALAM" é mesmo uma canção inesquecível,  escrita pelo talentoso sambista da Mangueira, "CARTOLA", num destes lances do cotidiano que todos vivemos. A história é bonita.
Um dia, Dona Zica, a esposa de Cartola ganhou umas mudas de rosas e resolveu plantá-las no seu jardim. Algum tempo depois, ela ficou  extasiada com a quantidade de rosas que haviam desabrochado. Foi correndo chamar Cartola e perguntou :
"Vem ver, Cartola ! Por que é que nasceu tanta rosa assim ?"
E o mestre Cartola apenas sorriu e respondeu: "Não sei Zica. As rosas não falam."
 

 
Mas a frase ficou remoendo na cabeça do poeta. Dia e noite ele pensava naquilo.  Não deu outra: Cartola pegou então o violão, e a música brotou quase que imediatamente. Faltavam três dias para ele completar 65 anos. E disse a todos que a canção foi o presente de aniversário que Deus lhe deu.  Cartola passou a ser chamado de "Poeta das Rosas".
 
  
E a história teve sequência. Passados alguns dias, o compositor e cantor Paulinho da Viola estava apresentando o seu programa na TV Cultura de São Paulo, que mostrava pessoas ligadas à música, principalmente sambistas ligados às Escolas de Samba, quando foi visitado por Cartola. De repente, no meio do programa, Cartola interrompeu e pediu para apresentar uma de suas composições. Paulinho autorizou, mas ele mesmo tomou a iniciativa de pegar o violão e cantar :
 
Bate outra vez / Com esperanças o meu coração / Pois já vai terminando o verão / Enfim ...
 
Volto ao jardim / Com a certeza de que devo chorar  / Pois bem sei que não queres voltar  / Para mim...
 
Queixo-me à rosas, mas que bobagem / As rosas não falam / Simplesmente as rosas exalam / O perfume que roubam de ti...
 
Devias vir / Para ver os meus olhos tristonhos / E quem sabe sonhavas meus sonhos / Por fim !
  
 
 
Angenor de Oliveira era o nome completo de Cartola, que nasceu no Bairro do Catete, no dia 11 de outubro de 1908. Viveu a infância nas Laranjeiras, mas acabou sendo adotado com "filho da Mangueira". Desde cedo pegou gosto pela música, tornando-se na opinião de muitos, "o maior sambista da história da música brasileira.".
Aprendeu com o pai a tocar cavaquinho e violão. Cresceu e virou um cantor, compositor e violonista de reconhecido talento.
 
A mudança de Laranjeiras para a  Mangueira ocorreu por extrema dificuldade financeira dos pais, que cuidavam de numerosa família. Mas foi lá na favela que Cartola acabou encontrando a felicidade, no convívio com Carlos Cachaça e com outros bambas, que o colocaram no mundo da boemia, da malandragem e do samba.
 
 
Os sambas de Cartola se popularizaram em vozes ilustres, como Araci de Almeida, Carmen Miranda, Francisco Alves, Mário Reis e Silvio Caldas.
Seus maiores sucessos foram mesmo "As Rosas não Falam" e "O Mundo é um Moinho".  Mas ele deixou também outras belíssimas canções, como "Acontece", "O Sol Nascerá"(com Elton Medeiros), "Cordas de Aço", "Quem me vê Sorrindo" (com Carlos Cachaça), "Alvorada" e "Alegria", entre outras.
 
 
 Cartola tinha apenas o curso primário. Aos 15 anos, com a morte de sua mãe, abandonou os estudos.
Houve uma época em que arranjou um emprego de servente de obra. Foi quando passou a usar um chapéu-coco para se proteger do cimento que caía de cima. E os colegas de trabalho imediatamente começaram a chamá-lo de "Cartola".
 
 
 Ele foi o autor do primeiro samba da Mangueira, que se chamou "Chega de Demanda". No final da década de 70, Cartola mudou-se de Mangueira para uma casa em Jacarepaguá. E no dia 30 de novembro de 1980, aos 72 anos de idade, Cartola morreu !
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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